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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A Iminência das Poéticas______Bienal Artes SP


Na expedição do dia 21/11/2012 visitamos a maior feira de arte da america Latina, a Bienal de Artes de São Paulo.


Dos 111 artistas incluídos na 30ª Bienal (20 deles brasileiros), 50% produzem suas obras com recursos tecnológicos, através do uso de tecnologias digitais ou através da manipulação da arqueologia técnica. 




Essa quantidade, se descontado o número de artistas falecidos na Bienal, representa 70% dos artistas atuais que estarão presentes na Bienal”, explica a assessoria da mostra. 




É uma estatística considerável, embora seja questionável a parca exploração de obras que utilizem a tecnologia e a comunicação como tema e forma de produção — só em 2012, na cidade de São Paulo, já aconteceram pelo menos quatro festivais, exposições e mostras dedicados à arte digital.




Dentre os principais artistas, destacamos a presença das obras de Allan Kaprow, o pai da arte performática, as experimentações eletroacústicas de David Moreno e Paulo Vivacqua, a instalação híbrida do colombiano Icaro Zorbar, as discussões poéticas sobre a manipulação de imagens da brasileira Sofia Borges, a estação temporária de rádio-arte Mobile Radio, e os experimentos arquitetônicos do coletivo chileno Ciudad Abierta. 

Relação de alguns dos participantes:

 Absalon (1964-1993)
O israelense produziu obras ligadas à arquitetura, como as "células" --esculturas habitáveis feitas a partir das medidas de seu corpo--, que instauram um espaço de resistência da intimidade e do confinamento dentro do ambiente social.


 Alberto Bitar (1970)
Explorando os limites técnicos do meio fotográfico --com variações na velocidade de captação, modificações luminosas etc.--, o artista belenense questiona a noção do registro objetivo da imagem, em fotos de pessoas, paisagens, cidades e situações.


Alexandre da Cunha (1969)
Carioca, residente em Londres, tem sua obra marcada pelo uso de objetos cotidianos, que ganham novos sentidos em instalações esculturais e montagens "neominimalistas". O processo de intervenção, apropriação e recontextualização desses objetos questiona também suas conotações sociais já instituídas.


Alexandre Navarro Moreira (1974)
Artista de Porto Alegre, desenvolve ações independentes a partir das ideias de apropriação, colaboração e compartilhamento, como fica claro na obra "Apócrifo" (exposta na Bienal). Nela, cartazes de eventos e fotografias se misturam em um muro, propondo uma integração do objeto artístico com o contexto cotidiano das grandes metrópoles.


Alfredo Cortina (1903-1988)
Para além de sua carreira de roteirista de rádio e televisão, com a qual se tornou um dos fundadores da radiofonia moderna venezuelana, Cortina realizou, discretamente, uma obra fotográfica enigmática e poética. Tendo como modelo única sua esposa, utilizou-se de um sistema compositivo baseado na repetição para interrogar a noção de paisagem.


Ali Kazma (1971)
O artista turco registra, em filmes, os gestos, as técnicas, o esforço e a estética envolvidos nas práticas e nas rotinas de diferentes profissões, principalmente em ambientes industriais. Entre a aproximação realista e a construção poética, a obra de Kazma instiga questionamentos sobre a natureza e o significado do labor contemporâneo.


Allan Kaprow (1927-2006)
Nos anos 1950, o americano foi um dos pioneiros no estabelecimento dos conceitos de performance. Na Bienal, registros mostram suas ações, que incorporavam também o público e o cotidiano.

 Andreas Eriksson (1975)
O artista sueco trabalha com diferentes meios, como pintura, fotografia, escultura e instalação. As obras, frequentemente relacionadas à temas da natureza, trazem algo de trágico, oscilando entre a beleza e o caráter efêmero da matéria. Recentemente, mistura fotografia e pintura, justapondo ilusão e realidade e questionando a relação do homem com a natureza.


Anna Oppermann (1940-1993)
Em instalações que combinam desenhos, pinturas, fotografias, textos e objetos retirados de seu contexto, a artista alemã parte de questões existenciais para tratar de questionamentos sociais. As documentações que fazia de seus processo de criação estão, constantemente, rearranjadas dentro da própria obra --destacando a importância não só da forma final, mas também do "fazer".


Arthur Bispo do Rosário (1909/1911-1989)
O sergipano viveu 50 anos recluso em um hospital psiquiátrico, utilizando materiais dispensados para criar obras que transitam entre a realidade e o delírio.


Arthur Bispo do Rosário
Saiba um pouco mais a respeito desta pessoa

Arthur Bispo do Rosário (Japaratuba, Sergipe, 14 de maio de 1909[1] ou, segundo outras fontes, 16 de março de 1911 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 5 de julho de 1989) foi um artista plástico brasileiro. Considerado louco por alguns e gênio por outros, a sua figura insere-se no debate sobre o pensamento eugênico, o preconceito e os limites entre a insanidade e a arte, no Brasil. A sua história liga-se também à da Colônia Juliano Moreira, instituição criada no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XX, destinada a abrigar aqueles classificados como anormais ou indesejáveis (doentes psiquiátricos, alcoólatras e desviantes das mais diversas espécies).


Ref: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Abraço a todos
Manoel

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Casa da Imagem__A cidade desaparecida de Militão Augusto de Azevedo



Na expedição do dia 07/11/2012 visitamos o museu da imagem de São Paulo com a mostra de fotografias da cidade de São Paulo.Em seus primeiros anos (1860), São Paulo contava com cerca de 30 mil pessoas habitando em casas de taipa cobertas com telha batida alinhadas em ruas desordenadas nas quais as tropas se deslocavam cruzando os largos em direção às estradas.


Nesse período, poucas nascentes forneciam água de boa qualidade e a população transitava nas ruas com potes para coleta nas fontes. O tempo fluía brandamente: percorria-se a pé de um extremo ao outro (Piques, Carmo ou Seminário) e a passagem das horas era assinalada pelos sinos. Não eram raros trajes cobrindo os rostos, e as janelas com treliças permitiam a observação discreta da rua. Passeios a lugares distantes, como o Brás ou a confluência dos Rios Tamanduateí e Tietê, duravam o dia todo. 


Nesse cenário, por volta de 1862, vindo do Rio de Janeiro, Militão Augusto de Azevedo (1837-1905) estabeleceu-se em São Paulo e passou a trabalhar como assistente do estúdio Carneiro & Smith. Coube ao jovem carioca realizar a primeira documentação fotográfica da paisagem paulista, a mais rica descrição iconográfica produzida nesse período. Em 1875, adquiriu o estúdio que recebeu sucessivamente os nomes de Photographia Acadêmica e Photographia Americana.



 Neste último estabelecimento havia um caderno de atividades no qual miniaturas dos retratos dos clientes eram coladas ao lado do número da ordem de serviço, instrumento de controle que, no século seguinte, se transformou no mais importante inventário dos tipos sociais de sua época, revelando a diversidade de frequentadores e a composição da sociedade – escravos, comerciantes, estudantes, personalidades


A concorrência entre as casas de fotografia intensificava-se nesse momento, impulsionada pelos alunos da Academia de Direito, ávidos por recordações da fase estudantil. Era frequente a publicação de anúncios no Correio Paulistano oferecendo serviços fotográficos, entre os quais ressaltamos um que ilustra o prestígio do retrato. 



Assinado por Gaspar Antônio da Silva Guimarães, sócio do estúdio em que Militão trabalhava, o anúncio concedia generoso desconto aos voluntários da Guerra do Paraguai (1864-1870), que desejavam perpetuar sua fisionomia como lembrança aos mais próximos e queridos. 


Ao término da Guerra as locomotivas da São Paulo Railway cruzavam as várzeas e a noção de progresso e modernidade ganhou impulso. Nas décadas seguintes, as técnicas construtivas europeias sobrepuseram-se às antigas construções, redesenhando o espaço urbano. 


Apesar da intensa participação de Militão como retratista nesse período, o Photographia Americana encerra as atividades em 1887. Percebendo as marcas do tempo, o fotógrafo decide retornar aos pontos registrados na década de 1860, produzindo a sua segunda documentação das ruas. 



O resultado desse novo ensaio apontou modificações surpreendentes, como nos Largos da Assembleia e do Palácio. Surge nesse ano o Álbum Comparativo de Vistas da Cidade de São Paulo (1862-1887), relacionando as duas documentações, edição que marcou o final do percurso profissional de Militão, já aos 50 anos de idade. 


Pouco restou desta cidade, exceto algumas igrejas (São Gonçalo, Convento da Luz), o Obelisco do Piques, o traçado das ruas, a memória dos viajantes e o ensaio fotográfico realizado por Militão Augusto de Azevedo há exatos 150 anos, cujas matrizes em negativo de vidro, reproduzidas por Aurélio Becherini em 1915, encontram-se preservadas no acervo da Casa da Imagem de São Paulo. 


Ref: http://www.museudacidade.sp.gov.br/exposicoes-expo.php?id=94