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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Visita ao MAC – Alfredo Volpi e Antonio Jose da Silva


Tadeu Chiarelli, o diretor do MAC-USP (Museu de Arte Contemporânea da USP), não se conteve e soltou um palavrão ao receber quatro obras do artista Alfredo Volpi (1896-1988), depositadas em comodato no museu, na última segunda (7/10).


Apreendidas pela Justiça, no final do ano passado, as pinturas, estimadas agora em R$ 12 milhões, permaneceram na antiga casa de Volpi, onde atualmente reside sua neta, Mônica Volpi. No entanto, por iniciativa do Instituto Alfredo Volpi de Arte Moderna, elas foram transferidas para o museu.





"Solicitamos à Justiça essa medida porque as obras estavam em um local sem seguro e sem preservação adequada", disse o advogado Pedro Mastrobuono, pelo Instituto.

Há cerca de um mês, no dia 4 de setembro, os herdeiros do artista se reuniram com a juíza Vivian Wipfli, responsável pelo espólio do artista e, por consenso, aprovaram a transferência. A Folha acompanhou, com exclusividade, a abertura das embalagens com as obras no MAC.

Antonio Jose da Silva


A exposição monográfica com as obras de José Antonio da Silva pertencentes ao acervo do MAC USP pode ser lida como um desdobramento sobre o problema da autoria na história da arte. Isto porque estamos diante de um artista autodidata, cujas pinturas foram vistas como “frutos do isolamento vivido na mocidade” (Lourival Gomes Machado), e cuja fortuna crítica deveu-se à sua rápida incorporação ao debate modernista e presença em acervos importantes como o do antigo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), pouco depois de sua descoberta pelos críticos Paulo Mendes de Almeida, Lourival Gomes Machado e Pietro Maria Bardi. A “invenção” de José Antonio da Silva pintor deu-se na segunda metade da década de 1940, quando aqui e fora, críticos e artistas modernistas retomavam uma questão cara à noção de arte moderna, atacada frontalmente nos anos do entreguerras, na Europa: a ideia de “primitivo” na criação artística. Em 1948, quando José Antonio da Silva realiza sua primeira exposição individual na Galeria Domus de São Paulo, o artista francês Jean Dubuffet, por exemplo, fundava seu Foyer de l'Art Brut [Fórum da Arte Bruta], no porão da galeria René Drouin em Paris, reunindo ali obras produzidas por artistas autodidatas.

As obras de José Antonio da Silva foram incorporadas ao museu em dois momentos bem distintos, que os identificam também com seus respectivos doadores. Quinze delas passaram ao acervo do MAC USP como Coleção Francisco Matarazzo Sobrinho, em 1963, provenientes do antigo MAM de São Paulo. Alguns indícios apontam para a reunião dessas obras no contexto da promoção de José Antonio da Silva como artista da Galeria Domus de São Paulo, entre 1948 e 1951. Num fundo de documentos de um dos primeiros diretores executivos do antigo MAM (Carlos Pinto Alves) encontramos uma extensa correspondência e minutas de contratos trocados entre ele e o artista, que nos sugerem uma relação muito estreita entre a galeria e o antigo museu, na promoção do recém-descoberto pintor. Da exposição na Casa de Cultura de São José do Rio Preto, em 1946, à sua participação na I Bienal de São Paulo, em 1951, a correspondência entre o artista e Pinto Alves aborda essencialmente dois assuntos: a redação e publicação da autobiografia do artista, Romance da minha vida , sob os auspícios do antigo MAM, em 1949; e seus acordos de venda e compra de obras com a Galeria Domus. Particularmente interessante é uma minuta de contrato de rescisão com a galeria, datada de 1951, no qual o artista lista 100 obras suas ali depositadas, parte significativa das quais deveria ser destinada a Francisco Matarazzo Sobrinho para saldar uma dívida do artista com o mecenas – que o havia ajudado na compra de uma casa. A datação das obras provenientes da Coleção Matarazzo confrontada com essa documentação nos sugerem que elas vieram todas desse ambiente, ou seja, de suas exposições na Galeria Domus. Ainda neste contexto, José Antonio da Silva viria a ser a estrela da Exposição de Pintura Paulista, organizada pela galeria em julho de 1949 para a sede do MEC, no Rio de Janeiro. O artista aparecia ao lado de Aldo Bonadei, Fúlvio Pennacchi, Emiliano Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho, Yolanda Mohalyi, entre outros, com 63 pinturas, como um legítimo representante da pintura paulista. O texto de Lourival Gomes Machado sobre ele chamava a atenção para o fato da pintura de Silva ser pautada pela cor. Essa mesma ideia emerge também nos textos de Bardi, por ocasião da participação do artista na representação brasileira da Bienal de Veneza de 1952.


O segundo lote de obras de Silva passou ao acervo do MAC USP, em 1979, quando da doação da coleção do crítico, poeta e piscanalista Theon Spanudis. O colecionador doou um conjunto de 25 obras de Silva produzidas em sua grande maioria nos anos 1950. As escolhas de Spanudis são de outra natureza que as escolhas feitas para Matarazzo, e refletem uma segunda fase do trabalho do artista, em que o crítico teoriza sobre um “concretismo brasileiro” e busca aproximar as experiências de Silva às dos grupos de abstratos concretos brasileiros. A pesquisa estética de Spanudis serviu de base à sua tentativa de formulação da importância do “numinoso” na criação artística, e à busca por identificar o elemento geométrico como aquele essencial para o entendimento da arte como linguagem universal.

Entre primitivo e concreto, José Antonio da Silva se fez pintor no contexto modernista dos anos 1940/50. Que sua obra seja vista de uma perspectiva ou de outra, reflete sua introdução na história da arte moderna do Brasil num momento que parece marcar uma virada em torno da noção de modernismo: o abandono das tendências realistas e o mergulho no abstracionismo.

Ana Magalhães 
Curadora

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Gabinete do Desenho________R. Consolação 1024 09/10/2013



Na expedição do dia 09/10/2013, visitamos o recém inaugurado Gabinete do Desenho - Chácara Lane (R. da Consolação,1024). Nele ha um conjunto dos de 14 equipamentos espalhados pela cidade, que incluem do Monumento do Ipiranga à Casa Modernista. O conjunto se chama Museu da Cidade de São Paulo e é gerido pela pasta de Cultura do município.


O novo espaço expositivo ocupa uma típica construção da elite paulistana do século 19, construída fora dos limites da então pequena cidade e que servia essencialmente para lazer.


Com obras como o álbum "Jazz", de Matisse e desenhos de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti, entre outros, essa iniciativa, anterior à criação do Masp, em 1947, e do Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1949, revela-se, então, como a primeira coleção modernista da cidade, condição que o Gabinete do Desenho vem sublinhar.


Após quatro anos fechado para restauro, o histórico casarão finalmente parece ter encontrado sua vocação, Entretanto, em janeiro de 2010, ainda sem chegar à metade dos trabalhos, a obra parou porque a empresa responsável rescindiu o contrato, alegando "dificuldades financeiras". Em abril de 2010, a casa ainda sofreu um incêndio, que começou na cozinha e destruiu azulejos. O fogo teria sido causado por um curto-circuito. Retomado mais tarde, o restauro foi interrompido outras duas vezes.


A recuperação da Chácara Lane e sua reabertura como galeria de arte são parte do projeto que prevê transformar a região da Praça Roosevelt no principal pólo cultural da cidade. O local ainda preserva um dos últimos trechos de mata com espécies nativas no centro de São Paulo. Os acervos da Coleção de Arte da Cidade estavam expostos no Centro Culturais São Paulo. Dos 3 mil itens, 70% são desenhos. "A guarda do acervo permanece com o Centro Cultural. Aqui é um espaço expositivo", afirma a diretora.

Sem mais, até a próxima expedição no Colóquio Cultural Parque Ibirapuera

Manoel
www.foradassombras.blogspot.com.br